quarta-feira, 28 de outubro de 2009

JORNALISTAS QUE FUGIRAM DO LEAD: A LITERATURA NAS PÁGINAS DO JORNAL

Marina Góes, Arthur Dapieve, Marco Antônio Azevedo e Cristiane Costa

O lead mata o autor? É possível manter a singularidade e a sensibilidade artística no texto jornalístico?

Essa foi uma das principais questões deste terceiro dia de Semana de Comunicação comandado por Marina Góes, aluna do oitavo período de jornalismo do campus Tijuca. Para a jornalista, professora universitária, doutora em Cultura e Comunicação, editora da revista Nossa História e do Portal Literal , além de autora de Pena de Aluguel entre outros, Cristiane Costa, sim é possível -"Ainda hoje procura-se o texto singular", afirmou. Arthur Dapieve, também jornalista e autor de sete livros (o último é "Black Music" lançado pela editora Objetiva), professor universitário, colunista do Segundo Caderno de O Globo, carioca e botafoguense, concorda com Cristiane e acredita que sempre haverá espaço para uma "boa sacada". Acrescentou que o formato do lead vem ao encontro de uma necessidade do mercado, de agilidade e produtividade, e também acha que esta objetividade pode, inclusive, agregar qualidade ao texto. Ambos lembraram diversos exemplos de leads absolutamente criativos, inovadores, mas que ao mesmo tempo não deixavam a "fórmula", a técnica do o que, quem, onde, como e quando de lado.

Autores reconhecidos por sua contribuição literária, mas que também atuaram como jornalista ou mesmo publicitário como Luiz Fernando Veríssimo, Nelson Rodrigues, Lima Barreto e Rubem Fonseca foram lembrados pelos debatedores. Para Marco Antônio Azevedo, mestre em Semiologia pela UFRJ, professor em diversos cursos da Unversidade Candido Mendes, além de colaborador da revista eletrônica Rio Total um nome que não pode deixar de ser citado é o de Machado de Assis, que foi jornalista e cronista do jornal Diário do Rio de Janeiro.

Ao cronista restou apenas a função de entreter o leitor?
Segundo Cristiane, a crônica nem sempre é algo divertido ou descompromissado. Existem crônicas que tratam de política, economia ou abordam até mesmo temas existenciais. Olavo Bilac e Clarisse Lispector foram lembrados como cronistas que não faziam crônicas apenas como entretenimento.

O jornal de papel vai acabar em 2018
Para Cristiane Costa, que também estuda o comportamento do neoleitor, os jovens não aceitam mais pagar por informação. Quanto mais por notícias desatualizadas, que é o caso do jornal impresso que só chega às bancas ou na casa do assinante com as notícias do dia anterior. A jornalista completou que atualmente existem até previsões de que o jornal impresso irá acabar até o ano de 2018.

Em relação à qualidade, ao uso da internet como suporte para o jornalismo ou para o livro e ainda sobre a forma (e antiga fôrma), Arthur Dapieve acredita que no blog existe um certo excesso de liberdade autoral, em que é exatamente essa falta de compromisso com a informação, com um padrão a ser seguido, que pode acabar acomodando a evolução do texto do blogueiro.

Para Cristiane Costa a "página pintada", o livro impresso que conhecemos hoje, o trabalho das editoras e o formato de negócio vão mudar radicalmente nos próximos anos. O livro é o conteúdo, não importa o suporte, conclui.

ENTÃO.... VIVA A LITERATURA!

Colaboração de Alice Désirée

PESQUISA OFF LINE
Ótimo: 13 (57%); Bom: 10 (13%)

MAIS UMA FOTO:


2 comentários:

  1. Queridíssimos leitores, alunos e seguidores, desculpem a demora na postagem das informações desta quarta-feira. Agora, espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu deste dia. Respondam a enquete. Nesta quinta: debate sobre as novas diretrizes do curso de jornalismo. Até

    ResponderExcluir
  2. Excelente a palestra! O encontro do mundo acadêmico com o mundo literário deveria acontecer mais vezes. É muito importante aprender a resistir, insistir e persistir na construção de nossas metas. Parabéns, a todos os envolvidos nessa labuta.
    Denise Homem

    ResponderExcluir